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Reabertura precoce em Araraquara vai resultar em muitas mortes evitáveis

Governo Edinho desrespeita orientações científicas até da OMS e reabre atividades econômicas com indicadores da covid-19 muito elevados e descontrole da pandemia; internações e mortes vão aumentar e novo colapso deve ocorrer em breve



Proteja-se, porque os governos não vão fazer isso por você. Com média de ocupação de leitos de UTI para covid-19 em hospitais públicos da cidade acima de 90% e média de mortes duas vezes acima da medida em 2020, o prefeito de Araraquara, Edinho Silva, vai reabrir, já na próxima segunda-feira, 28, as atividades econômicas que foram fechadas há menos de uma semana.

O novo decreto com a flexibilização das medidas restritivas será publicado neste fim de semana, mesmo com a doença ainda descontrolada, conforme mostram todos os indicadores, como número casos, percentual de positivados, internações e mortes.

Apesar do discurso, as decisões de Edinho tanto de fazer o lockdown, quanto de reabrir as atividades, não têm qualquer amparo na ciência. Pelo contrário, estudos da USP, da FioCruz e da OMS mostram que não é seguro retomar atividades presenciais se a doença não estiver controlada, como é o caso em Araraquara. Esta avaliação ganha força quando a secretária de Saúde afirma no boletim diário desta sexta-feira, que o “novo decreto com as flexibilizações vai ser amplamente debatido com o setores econômicos” e não com setores da ciência.

Já mostramos, nessa matéria, que a Prefeitura não segue os indicadores apontados em estudos atualizados da USP e da FioCruz para determinar níveis de segurança para relaxamento das medidas restritivas e retomada de atividades presencias.

Mas não são só estes estudos que o prefeito ignora na condução da pandemia na cidade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e seu escritório regional para as Américas (OPAS) também orientam gestores públicos sobre o momento para adoção de medidas restritivas ou de reabertura. E, considerando estes índices da OMS, Araraquara não tem qualquer condição de reabrir atividades presenciais neste momento.

Vejamos alguns deles:

O que preconiza a OPAS x Situação de Araraquara

  • (OPAS) R menor que 1 ou com tendência de queda em direção a 1

  • (Araraquara) O R de Araraquara está acima de 1 desde 20 de maio de 2021 e subindo.


  • (OPAS) Queda contínua, por um período de pelo menos 14 dias, da incidência de casos confirmados ou casos prováveis

  • (Araraquara) Temos estabilidade (acima de 130 casos por dia) desde antes do lockdown


  • (OPAS) Queda contínua, por no mínimo 14 dias, do número de óbitos

  • (Araraquara) Em Araraquara, número de óbitos em 14 dias segue estável acima de duas mortes diárias


  • (OPAS) Percentual de positivados abaixo de 5%, em um período maior que 14 dias.

  • (Araraquara) Faz 18 dias que Araraquara está acima de 20%


  • (OPAS) Locais alternativos de cuidados, estabelecidos para aumentar a capacidade dos serviços de saúde em resposta à COVID-19, que permaneceram não utilizados, de forma contínua, por, no mínimo, 7 dias.

  • (Araraquara) Hospital de Campanha lotado


  • (OPAS) Queda contínua, por no mínimo 14 dias, de internações em UTI atribuíveis à COVID-19

  • (Araraquara) Em Araraquara este índice está praticamente estável em 14 dias


É previsível, observando os estudos e a situação epidemiológica da cidade, mesmo para leigos, que infecções, adoecimentos, internações, sequelas e mortes vão aumentar com a reabertura precoce das atividades. Não há como fugir disso, infelizmente. A estrutura de saúde não vai dar conta deste aumento e vai colapsar mais uma vez. E, pelos indicadores, isto não vai demorar para acontecer.


Se os estudos científicos mostram, se a OMS recomenda, se a FioCruz indica e o prefeito não faz o que deve ser feito para conter a pandemia, e pelo contrário, toma medidas que sabidamente vão piorar a situação epidemiológica, ele precisa ser responsabilizado pelas mortes, pelas sequelas, pelas consequências na vida de cada araraquarense que se infectar a partir de agora.

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