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Quem é de luta está de luto



Não é apenas quando um ente querido morre que fazemos luto. Podemos nos enlutar por quem não conhecemos, como no caso de tragédias. Nos solidarizamos com as famílias pelas vidas perdidas e até nos mobilizamos para ajudar nos casos de grande repercussão mesmo muito longe de nós, como a queda do avião que matou o time da Chapecoense e a recente explosão em Beirute, capital do Líbano.


Hoje, seis de agosto de 2020, bem debaixo do nosso nariz, no mundo todo, está em curso a pior pandemia dos últimos cem anos, a mais mortal: a pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo Corona vírus.


Na região atendida pelo SISMAR – Sindicato dos Servidores Municipais de Araraquara e Região –, que é composta por nove cidades, com mais de 331 mil habitantes e com mais de 11 mil servidores públicos municipais, a doença já atingiu pelo menos 2.833 pessoas, das quais 408 ainda estão doentes hoje, outras 72 internadas (sendo 18 em UTI) e 30 já perderam a vida para a doença.


O SISMAR monitora o avanço da doença na região desde o início da pandemia, em março. E os números mostram sem qualquer possibilidade de dúvidas que estamos no pior momento da pandemia vivido até agora e a situação tende a piorar. Os dados estão disponíveis em bit.ly/covidsismar.


Nos últimos oito dias (de 29 de julho a 5 de agosto), batemos recorde de mortes, de casos novos, de pessoas internadas, de casos ativos e quatro das nove cidades atendidas pelo SISMAR registraram aumento de casos superior a 15%. Nestes dias, ultrapassamos a marca de uma morte por dia.


Além das perdas de vidas, estudos científicos recentes falam em sérias sequelas em quem sobrevive e sobre como isso vai voltar em forma de demanda crônica para os serviços públicos de saúde em breve.


Por todos estes motivos, o SISMAR está de luto. Luto pelas 30 mortes aqui na região, pelas mais de 97 mil mortes no Brasil, pelas 712 mil mortes em todo o mundo, até hoje. Mas também estamos em luto pelos doentes que enfrentarão problemas de saúde para o resto de suas vidas e luto pela falência do Estado brasileiro em dar respaldo para a população, para o país.


A reabertura econômica no momento em que os casos mais crescem não deveria nem estar em pauta. Cabe ao Estado promover políticas públicas emergenciais que permitam que empresas fiquem fechadas e as pessoas fiquem em casa pelo tempo necessário para a contenção da transmissão do vírus. Só é preciso reabrir empresas porque o governo brasileiro não dá condições para que elas se mantenham fechadas sem que vão à falência e as pessoas percam seus empregos.


O SISMAR está de luto, mas não foge da luta jamais. Todos os esforços têm sido feitos pelo Sindicato para que os servidores sejam preservados em seus direitos, sabendo que muitos deles constituem a linha de frente do combate a doença e que, sem eles, não haveria posto de saúde, nem UPA, nem hospital de campanha, nem Samu e por aí vai.


Portanto, sendo os servidores municipais os profissionais fundamentais e essenciais diretamente dedicados ao enfrentamento do vírus e os mais expostos à contaminação, há de ser deles a recompensa quando tudo isso acabar, em forma de valorização verdadeira e efetiva de toda a categoria que leva a cidade nas costas e que está de luto neste momento tão doloroso.

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