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Foto do escritorSISMAR Sindicato

Nove em cada dez merendeiras da Prefeitura de Araraquara podem estar doentes

Levantamento feito pelo Cerest, Sesmt e Sismar aponta ainda que metade delas relata sintomas de doenças mentais



Dor e sofrimento. Esta é a realidade já conhecida das merendeiras da Prefeitura de Araraquara, que agora se comprova com números oficiais, com base científica. E o salário delas está entre os mais baixos do serviço público municipal.

Mais de 90% das merendeiras das escolas e creches municipais de Araraquara sente algum tipo de dor ou incômodo forte.

Um grupo de trabalho, com profissionais do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (Sesmt) e dirigentes do SISMAR, aplicou dois questionários (com validade científica) entre as 331 agentes sociais de serviços públicos que atuam nas unidades de Educação da rede municipal.

Pelas respostas dos 218 questionários devolvidos até o momento, 204 merendeiras apresentam quadro sugestivo de doenças osteomusculares. Ou seja, 93,6% das merendeiras sente ou sentiu recentemente algum tipo de dor ou incômodo forte ao simplesmente exercer suas funções diariamente.

Pela pesquisa, o grupo de trabalho identificou também que 46,8% das merendeiras relata problemas indicativos de doença mental. Traduzindo: quase metade das merendeiras das escolas e creches de Araraquara sente ou sentiu recentemente algum tipo de sofrimento em decorrência do trabalho.

Como se vê, não é por acaso o alto índice de afastamento entre as merendeiras. Segundo informações da Secretaria Municipal da Educação (SME) de Araraquara, aproximadamente 30% das merendeiras está afastada do trabalho atualmente por doença. A maior parte dos afastamentos, ainda de acordo com a SME, é por problemas mentais.

Em andamento

Todas as merendeiras cujas respostas dos questionários sugerem adoecimento estão sendo avaliadas individualmente pelo Cerest e encaminhadas também ao Sesmt. O resultado geral desta avaliação será divulgado assim que forem entrevistadas todas as merendeiras.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Gerência Regional do Trabalho e Emprego (GRTE) acompanham de perto todo o trabalho do grupo. O MPT tem interesse especial, pois já apura as condições de trabalho das merendeiras em um Inquérito Civil.

Trabalho pesado

As condições de trabalho das merendeiras são as grandes responsáveis por tanta dor e sofrimento. Carga de trabalho intensa, jornada longa sem pausas, descumprimento de várias normas e portarias de saúde e segurança do trabalhador por parte da Prefeitura, excesso de atribuições (como limpar coifas, onde existem) e número insuficiente de profissionais nas cozinhas: tudo isso, de acordo com relatório preliminar do grupo de trabalho, favorece o adoecimento de profissionais, aumentando o absenteísmo e agravando ainda mais a baixa disponibilidade de recursos humanos para as atividades diárias.

Providências

O trabalho de pesquisa e levantamento detalhado de todas as unidades ainda está em andamento. Porém, a Prefeitura já sinalizou que tomará algumas providências imediatas para redução dos riscos, como retirar das merendeiras as atribuições de limpeza de chão e de equipamentos pesados.

Mesmo com o estudo ainda em andamento, já é possível determinar que serão necessárias mudanças estruturais, como a instalação de coifas e mudança da altura e da localização de pias, bancadas e fogões. A Secretaria Municipal da Educação tem interesse de que sejam priorizadas as unidades em reforma e com projeto de reforma em andamento, para evitar trabalho dobrado (reformar e depois quebrar para adequar).

Participação

O SISMAR tem acompanhado as vistorias e conversado com as merendeiras nos locais de trabalho. Porém, o Sindicato entende que elas devem participar de todo o processo que está sendo desenvolvido. Então, para as próximas reuniões do grupo de trabalho, a pedido do SISMAR, as merendeiras serão convidadas a participar, para que seu ponto de vista seja levado em conta.

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