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Servidores da educação também querem o retorno das aulas, mas não de qualquer jeito

Educação deve ser prioridade sempre, mas, hoje, com as atuais condições, abrir escolas vai significar a morte de muita gente e é contra isso que estamos lutando



Nós, servidores municipais profissionais da Educação, também trabalhamos a partir de casa, sem a estrutura adequada e agora voltamos presencial, ainda sem alunos, mas também sem os EPIs e com escolas ainda em reforma e com limpeza precária.


Nossos familiares também trabalhavam em outros lugares, também foram demitidos e também estão sem conseguir trabalhar e sem levar dinheiro para dentro de casa. Os que não perderam o emprego tiveram redução de salários.


Também temos filhos e queremos eles na escola.


Por isso, entendemos e sentimos o mesmo desespero das pessoas cujos filhos estão praticamente há um ano sem poderem ir às escolas.


Concordamos que a prioridade deve ser a reabertura das escolas, principalmente pensando nos problemas que isso poderá acarretar para as crianças, tanto do ponto de vista psicológico, quanto do aprendizado.


O que nós não queremos é que seu filho leve o vírus para dentro da sua casa e acabe matando algum parente seu ou você mesmo. Não queremos que os profissionais da educação e seus familiares morram também.


Justamente por isso, defendemos que o retorno das aulas presenciais seja prioridade, desde que feito com segurança. Você deve pensar o mesmo, não é?


Pois então, como profissionais da educação, sabemos e te informamos que as escolas não têm condições para garantir esta segurança que nós e vocês queremos.


Até na Inglaterra, onde as escolas são melhores e mais bem estruturadas do que no Brasil, já voltaram atrás na decisão de abrir as escolas, porque um estudo feito pelo governo de lá mostrou que a abertura (e o aumento da circulação de pessoas que o retorno presencial causa) provocou 26% dos novos casos de covid-19 naquele país.


Mas, então vamos deixar as escolas fechadas até o fim da pandemia? Ninguém aguenta!


Não é isso que defendemos. O que nós queremos é que os governos federal, estadual e municipal realmente coloquem a educação como prioridade. Como? Incluindo profissionais da educação e comunidade escolar nos primeiros grupos de vacinação, por exemplo.


A luta de todos nós é a mesma (ou deveria ser): cobrar que o governo dê condições para todos sobreviverem a esta pandemia. Sim, essa responsabilidade é do governo, e não dos professores.


O governo federal deveria manter o auxílio emergencial para os pequenos empresários ou empresários individuais e para os desempregados para podermos manter o lockdown sem prejudicar as pessoas e sem que haja necessidade de colocar todos em risco.


Lembrando que o mês de janeiro foi o pior da pandemia até agora em Araraquara e na região, com registro de 38 óbitos (mais de uma morte por dia) e que os hospitais estão perto do colapso.


Lembrando também que há uma nova cepa (uma nova variante do coronavírus) muito mais contagiosa circulando no País, o que vai elevar o número de casos já altíssimo.


Portanto, queremos que as aulas voltem o mais rápido possível. Porém, sem apoio dos governos e nas atuais condições, somos contra o retorno das aulas presenciais porque não há segurança nem para os profissionais e nem para os alunos e suas famílias.


O SISMAR, enquanto sindicato de todos os servidores municipais de Araraquara e região, está junto com os profissionais da educação na luta contra o retorno às aulas sem condições de segurança sanitária. E o motivo é simples: a ciência prova que não é seguro abrir as escolas neste momento.


Uma nota técnica, assinada por três pesquisadores/professores da área de saúde de faculdades da USP (clique aqui para ler na íntegra), produzida para o Comitê Intersetorial da Secretaria Municipal de Educação de Ribeirão Preto sobre as condições para a reabertura da rede escolar daquela cidade, estabelece três alternativas para reabertura com segurança:


1. Aguardar a redução do número de casos novos para menos de 20 por dia (número adaptado para Araraquara);


2. Testagem em massa de toda a rede escolar antes da reabertura e semanalmente após a reabertura; ou


3. Aguardar a vacina de toda comunidade escolar.


Enquanto não tivermos uma destas três alternativas, não vamos aceitar o retorno presencial das aulas. E fazemos isso como forma de proteção da saúde e da vida, para proteger a vida dos servidores e suas famílias, mas também a vida das crianças e seus familiares.



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